1 - Composição e Formulação Narrativa

1.1 - Personagens planas

Personagens planas – são personagens estáticas, sem vida interior, sem densidade psicológica, dado que não alteram o seu comportamento, nem evoluem psicologicamente. São definidas de forma linear por um ou vários traços que as acompanham ao longo da narrativa.

1.2 – Personagens modeladas

Personagens modeladas – são personagens dinâmicas e com densidade psicológica, cheias de vida interior e capazes de surpreender o leitor pelas suas atitudes e comportamentos.

1.3 - Papel que desempenham na economia da narrativa 

  •   Principais ou protagonistas – são em torno das personagens principais ou protagonistas que decorre a acção;
  •   Secundarias – as personagens secundárias participam na acção mas não tem um papel decisivo;
  •  Figurantes – são as personagens que caracterizam o espaço social em que se inserem, como as mentalidades e as atitudes culturais.

2 – Narrador

2.1 – Narrador quanto à presença

Narrador participante, onde existem duas classificações:

  • Autodiegético – a narração é feita na primeira pessoa, sendo nomeadamente de carácter autobiográfico, o narrador assume o papel de personagem principal ou protagonista;
  • Homodiegético – a narração é feita na primeira pessoa, mas o narrador assume-se apenas como personagem secundária.

Narrador não participante, existem também duas classificas:

Heterodiegético – a narração é feita na terceira pessoa, dão que o narrador não participa nos acontecimentos nem interfere na história.

2.2 – Ciência (ponto de vista, localização)

  •       Omnisciente – o narrador conduz a narrativa criando uma unidade lógica; ao mesmo tempo, penetra no íntimo das personagens, revelando o que lhes vai na alma; conhece tudo o que diz respeito às personagens e aos acontecimentos; analisa as acções, ou comportamentos, os sentimentos e o pensamento dos heróis.
  •        Focalização interna – o narrador contempla as personagens que criou e traça a sua análise partindo do exterior para o interior (é a expressão facial da personagem que dá a conhecer o seu estado de espírito; é o silencio da personagem que revela os seus sentimentos; é a mímica ao serviço da expressão de estados de alma);
  •     Focalização externa – as personagens são-nos apresentadas através dos diálogos, das atitudes, dos gestos e das acções. O narrador observa, com objectividade, o mundo físico em que se movem as personagens, observa-as, ouve-as, descreve as suas acções, mas não penetra nos pensamentos e sentimentos das personagens, não podendo, por isso, dar a conhecer ao leitor, por antecipação, o que vai acontecer.

Narratário- é uma entidade fictícia, um <<ser de papel>>, implicando necessariamente a existência de um narrador.

3 – Modo de expressão ou de apresentação

Em primeiro lugar, é importante que se perceba que há duas perspectivas de construção da narração: perspectiva narrativa, como tal, e a perspectiva descritiva.

3.1 – Perspectiva narrativa ou narração

Narração – é o acto e o processo do discurso narrativo, implicando, necessariamente, o narrador, enquanto sujeito responsável por esse processo.

Distinguem-se duas modalidades da narração: aquela em que o narrador mostra os acontecimentos, usando a técnica de representação dramatizada, e aquela em que o narrador resume, sumaria, manipula a história.

Em oposição à descrição, a narração – é uma modalidade dinâmica, servindo-se, necessariamente, dos verbos no pretérito perfeito ou na sua variante estilística, o presente histórico. É um momento de avanço da história.

3.2 – Perspectiva descritiva ou descrição

É o processo de fornecimento de informações sobre as personagens, sobre os objectos, sobre o espaço e sobre o tempo. É um momento de pausa na progressão dos acontecimentos.

A descrição serve-se sobretudo de verbos no pretérito imperfeito, que, pelo seu valor aspectual durativo ou iterativo, contribui para o estatismo que lhe é inerente e que a distingue da narração, e do adjectivo, destinado à caracterização de pormenores ou identificação de atributos.

3.3 – Dialogo

O diálogo – é a forma canónica de interacção verbal, pressupondo a presença do eu e do tu. Na narrativa, esta forma de expressão está ligada ao discurso da personagem. No diálogo, o narrador desaparece, permitindo que as personagens se transformam em actores.

3.4 – Monologo

Monologo – é a fala do sujeito consigo próprio: o emissor é simultaneamente o receptor. Em certas narrativas há uma outra espécie de monólogo: o chamado monólogo interior. Trata-se de uma técnica destinada a transmitir a corrente de consciência das personagens sem que estas a pronunciem. A sua função é transmitir conteúdos mentais no seu estado embrionário.

 

4 – Referência Bibliográfica

FERNAO, Isabel Arnaldo e MANJATE, Nélio José. Pré – Universitário Português 12ª classe. Editor: Longman Moçambique, Lda. Maputo – 2010.