1.1 – Normalização linguística e língua padrão
Resultado do processo segundo o qual uma variedade social, convertida em língua padrão, se torna num meio publico de comunicação: a escola e os meios de comunicação passam a controlar a observância da sua gramática, da sua pronúncia e da sua ortografia.
Língua padrão: variedade social de uma língua (falada e escrita) que foi legitimada historicamente quanto meio de comunicação entre os falantes da classe media e da classe alta de uma comunidade linguística.
1.2 – Variação e variedade
Propriedade que as línguas tem de se diferenciarem em função da geografia, da sociedade e do tempo, dando origem a variantes e a variedades linguísticas.
Variantes sociais – também chamadas “sociolectos” ou “dialectos sociais” são variantes de uma língua usada por falantes que pertence a mesma classe social. A disciplina que estuda as variantes sociais da língua (sociolinguística) considera uma serie de factores sociais de variação (chamados <<variáveis extralinguistica>>): classe social, nível de instrução tipo de educação, idade, sexo, origem étnica, etc.
Variantes situacionais – resultado da capacidade dos falantes para adequarem o estilo de linguagem à situação de comunicação que enfrentam. Essa capacidade chama se <<competência comunicativa>>.
Variantes geográficas – diferentes formam que uma mesma língua assume ao longo da sua extensão territorial. A estas variantes chama-se também <<dialectos regionais>> ou, simplesmente, geografia linguística ou dialectologia. A sua tarefa consiste em, após um trabalho de inquérito junto de informantes dialectais, elaborar mapas (os atlas) onde ficam traçadas as fronteiras fonéticas, morfológicas e lexicais, sobre tudo, dos dialectos da língua.
Variedade europeia – português falado em Portugal Continental e nos Arquipélagos da Madeira e dos Açores, dividido dialectalmente em dois grande grupos (setentrional e centro meridional) e aceitando a variante de Lisboa como língua padrão.
Variedade brasileira – Português falado no Brasil, sujeito a uma variação geográfica que separa, sobre tudo os estados do litoral acima do estado Bhia (inclusive) dos que estão a baixo.
Variedades Africanas – Angola e Moçambique
Variedade africana de português falada em Luanda tem muitas influências do contacto com o kimbundu, língua do grupo Bantu.
No português de Moçambique, falando apenas a nível sintáctico, e também por influência do contacto com línguas Bantu, verbos tem tendência para se tornarem transitivos, os pronomes pessoais átonos, nas frases subordinadas, são enclíticos (pois verbais) e as frases subordinadas ou são introduzidas por conjunções diferentes (ou com estatuto diferente) das da gramática do português europeu.
2 – Variação da língua portuguesa no espaço: Brasil e Moçambique
A língua vária no tempo e no espaço da sua utilização, ao da sua própria história, bem como da vida dos seus falantes, decorrente d determinantes sócias. Culturais, históricas geográficas, sintáctico, semântico, morfológico paradigmático, etc.).
Assim, podemos considerar as seguintes variações:
- Variações geográficas ou diatópicas – as variedades linguísticas que, em certa região, apresenta características bastantes para as diferenciarem da língua comum de uma determinada sociedade. São os dialectos ou falares regionais;
- Variações sociais ou diastráticas – variações linguísticas provocadas pelas características de falante e de grupo e pelas circunstâncias da situação comunicativa. São os dialectos sociais’ níveis ou registos de língua;
- Variações difásicas – diferenças entre os tipos de modalidade expressiva (língua falada, língua escrita, língua literária, etc.).
Resumidamente, podemos definir cada uma destas variações do seguinte modo:
- Variações diatópicas – são as que se referem a falares locais, regionais e intercontinentais (como é o caso do português do Brasil e do português de Moçambique);
- Variações diastráticas – são as que se referem às diferentes verificadas na linguagem das várias camadas socioculturais;
- Variações difásicas – são as que dizem respeito aos diferentes tipos de modalidade expressiva (língua falada, escrita, literária).
2.1 – Exemplos das variações entre o português de Moçambique e o português do Brasil
Entre o português falado em Moçambique (PM) e o português falado no Brasil (PB), por exemplo, existem algumas diferenças.
Ex: Hoje, a Maria não apareceu por aqui (PM), no (PB) diz-se: hoje, Maria não apareceu por aqui.
Portanto, o que difere nas duas construções é, que na primeira construção (PM) o artigo antecede o substantivo ou nome (Maria), ao passo que na segunda construção (PB), o substantivo ocorre sem nenhum artigo a antecede-lo.
Ex: PM: Vou comprar o meu vestido.
PB: Vou comprar meu vestido.
PM: Não conheço a sua mulher.
PB: Não conheço sua mulher.
Outro exemplo, no PB, diferentemente do PM, registam-se as seguintes ocorrências:
- A palatalização do ti e di (em palavras como tia, sete, dia);
- A semivocalização do l final de sílaba e de palavra (Brasil, funil, canal);
- Introdução do I entre duas consoantes (casos anteriores e também aptidão).
Neste contexto, é ainda importante distinguir dialectos de língua padrão:
- Língua padrão – é a variedade social de uma língua que legitimada historicamente enquanto meio de comunicação da classe media e da classe alta de uma comunidade linguística;
- Dialectos – são as diferentes formas que a língua apresenta consoante as regiões em que é falada.
3 – Referencia Bibliográfica
FERNAO, Isabel Arnaldo e MANJATE, Nélio José. Pré – Universitário Português 12ª classe. Editor: Longman Moçambique, Lda. Maputo – 2010.
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