Evolução dos transportes e comunicações
A evolução das condições de mobilidade do homem está muito ligada às mudanças económicas e sociais ocorridas ao longo dos tempos. De um modo geral, podemos considerar as seguintes fases na evolução dos transportes: força humana, força animal, força eólica, caravanas terrestres, navegação fluvial e marítima, transporte ferroviário, rodoviário e aéreo.
Numa primeira fase, era o próprio homem quem se encarregava de transportar os produtos ou mercadorias de que necessitava, evoluindo depois para a tracção animal, caravanas terrestres, navegação fluvial e marítima, aproveitando a força do vento ao longo das costas e dos cursos de água navegáveis.
Até ao século XIVIII, as estradas resumiam-se a caminhos esburacados e lamentos (quando chovia). Os animais de carga, a liteira (cadeira coberta e suportada por dois, homens ou por animais de carga, por mede dois varais) e a segue (carruagem de duas rodas puxadas por dois cavalos) constituíam os únicos meios de transporte de então, bastante caros, amorosos e incómodos.. Devido às dificuldades de transportar grandes volumes e transpor longas distâncias, tornou-se imperioso desenvolver outros meios de transportes que permitissem quebrar as barreiras geográficas, que dificultavam os contactos humanos.
Com a Revolução Industrial, em meados do século XVIII (1750), origina-se uma transformação sem precedentes que se repercute a todos os níveis da vida social e económica, primeiro na Inglaterra e posteriormente em muitos outros países. Com efeito, houve necessidade de transportar especialmente da África e Ásia para a Europa, América e vice-versa. Este processo foi responsável pelo advento de novos inventos técnicos e científicos, como, por exemplo, a máquina a vapor e o motor de explosão, que foram o suporte do aparecimento de mudanças radicais ocorridas nos transportes terrestres e marítimos.
Nesta época há um evoluir dos transportes terrestres, em especial dos ferroviários e rodoviários.
No que toca aos transportes aquáticos (lacustres, fluviais e marítimos), o desenvolvimento do barco e navio permitiu realizar trocas comerciais intercontinentais.
Os transportes ferroviários, utilizando o carvão como combustível, foram os principais meios de transporte no interior dos continentes na primeira fase da Revolução Industrial. Foi graças às ferrovias que se intensificou, na segunda metade do século XIX, o comércio internacional, tanto entre as colónias e as metrópoles, no âmbito da exploração dos recursos naturais, como nos vastos mercados mundiais. Nos países de África, Ásia e América Latina foram construídas várias ferrovias, quase sempre exploradas por capitais ingleses..
As rodovias, sucessoras dos antigos caminhos de diligências de carruagens, desenvolveram-se no século XX pela crescente utilização do automóvel no transporte de passageiros e do camião no transporte de cargas, produtos da revolução energética (petróleo, gás natural e electricidade) na segunda fase da Revolução Industrial. De início, os transportes rodoviários não foram utilizados para grandes distâncias, mas sim como complementares dos transportes ferroviários, transportando pessoas e mercadorias até às estações e destas para o local de destino. A grande vantagem do camião foi a maior mobilidade e facilidade de acesso comparativamente ao comboio, pois o comprador, ao posto comercial e de novo para a fábrica. A grande desvantagem era a menor capacidade de carga, não podendo carregar, como o comboio, grande tonelagem de mercadorias, o que encarecia o transporte. Assim, a construção de grandes rodovias e a ampliação da capacidade de carga dos veículos tornaram o camião um grande concorrente da ferrovia, fazendo com que em todo o mundo os ramais ferroviários de menos movimento se tornassem deficitários e fossem extintos pelo poder público ou pelas empresas privadas que os exploravam. Os transportes marítimos têm vindo a acompanhar o desenvolvimento da civilização humana. De início utilizando a força humana-do remo-e do vento como força motriz, as embarcações passaram depois a utilizar, sucessivamente, o carvão, o petróleo e, actualmente, embora ainda em fase inicial,, a energia atómica. O transporte marítimo esteve sempre na dependência da qualidade e capacidade das embarcações, da posição e do nível de equipamento dos portos. As embarcações que nos séculos XVII e XVIII não transportavam mais do que 1000 toneladas, foram sendo substituídas pelas que podem transportar até 500 000 toneladas – os grandes navios de transporte a granel e petróleo, cereais, café, chá, etc. E que aproximam a baixo custo as áreas produtoras de matérias-primas às áreas industrializadas mais distantes. Por exemplo, se não fosse a evolução do transporte marítimo, o Japão, pobre em recursos minerais, não poderia ser hoje a terceira potência industrial do mundo.
Paralelamente a este modo de transporte, desenvolve-se o transporte fluvial e lacustre. Este recurso é comummente utilizado na América do Norte, principalmente nos rios São Lourenço e Mississípi, onde existe uma importante rede interna de transporte, e na Europa, onde a rede fluvial é largamente utilizada para a navegação, estando muitos rios ligados uns aos outros por canais.
Durante o século XX, surge ainda um novo meio de transporte, o avião. Aperfeiçoado após a Segunda Guerra Mundial, o transporte aéreo ganha importância devido à sua rapidez e comodidade e vem permitir um maior fluxo de trocas de bens, pessoas e valores de uma região a outra em curto espaço de tempo relativamente a época precedentes.
Os aviões ofereciam inicialmente pouca segurança, pequena capacidade de carga e preços elevados, sendo apenas utilizados por pessoas muito ricas ou de espírito aventureiro, como foi o caso de alguns aviadores célebres, como Mermoz e Saint-Exupery, que se tornaram célebres pelas suas travessias arriscadas dos desertos, mares e oceanos. O uso comercial iniciou-se com a função de transportar correspondência e alguns autores afirmam que os primeiros aviões surgem no contexto político militar. Posteriormente, e graças à sua grande rapidez, a aviação passou a ser largamente usada no transporte de passageiros e de mercadorias leves ou muito valorizadas nos países que possuíam grande extensão territorial e deficiência de estradas. Daí a sua importância e utilização inicial na América Latina e na África, uma vez que a Europa e os EUA estavam servidos por excelentes rodovias e ferrovias.