O REINO DO CONGO

 Congo foi um reino poderoso que cresceu e se desenvolveu á volta do rio que mais tarde tomou o seu nome. Foi fundado por Nimia Lukénis nos fins do 1º milénio da n, e.lukénis era filho do rei do pequeno reino de Bungu, que se situava na região norte do rio Congo.
Muitas versões da tradição oral dão a Nimia Lukenis, fundador do Congo, o nome de Ntinu Mwene, que significa rei ou mestre. Este é recordado como um poderoso guerreiro e conquistador e como o impulsionador da fundição do fero, o fabricante de armas de guerra e de ferramentas para a agricultura, o homem sábio, que estabeleceu a corte de justiça (Mbasi e Nhanu).
Emigrou com os seus guerreiros e família para o Sul e fixou se em Mpemba Kasi foi a primeira região que conquistou e passou a ser área da sua principal capital. Mais tarde instalou se no monte Mongo Wa Kaila, num planalto próximo de São Salvador (actual Lubango), no actual território de Angola, onde iniciou uma serie de conquistas as chefaturas locais. Mais tarde, mandou construir no planalto a capital do reino vasto em Mbanza Congo com as conquistas, Lukenis formou um vasto e poderoso império.
O império de Congo, que se estendia desde o rio Congo, a norte, ate ao rio Cuanza, a sul, ocupava toda a região norte do actual território de Angola, desde o oceano Atlântico, a oeste, ate ao rio Cuanza, a Leste.
 Muitos reinos adjacente reconheceram a autoridade do Congo e alguns tornaram-se seus vassalos. A oeste, no litoral, existiam os reinos Soyo, Kakongo, Angoi e Loango. Na parte ocidental e central do actual território angolano havia, por exemplo, o reino Ndongo dos Muimbundos, cujo rei tinha o título de gola, nome pelo qual os portugueses passaram, mais tarde, a designar a região.
Lukenis passou a ser considerado o chefe máximo do Congo, em língua local, chefe diz-se também mwene ou mani. Assim Nimia Lukenis passou a ser chamado manicono, que significa senhor do Congo. Todos seus sucessores passaram a utilizar o título de manicongo.
A organização Politica e administrativa
Com a conquista de Nimia Lukenis, diversas chefaturas e reinos ficaram sob a influência de Congo. Em cada um deles havia um chefe máximo – o mani.
Mas como conseguiu o manicongo controlar um território tão vasto como era o império de Congo?
O manicongo dividiu o Império em províncias e aldeias. Havia seis províncias no Império do Congo. As aldeias eram a comunidade básica da estrutura política. Era dirigida por um chefe – o nkulutu.
O chefe herdava a sua posição. Acima de aldeia existiam distritos. Estes eram dirigidos por funcionários nomeados pelo rei ou pelos governadores provinciais. Serviam nas cortês distritais e outros sectores e administravam os seus próprios distritos. Acima destes distritos existiam as províncias dirigidas por governadores nomeados por manicongo.
Manicongo era o chefe máximo. Era eleito por um conselho administrativo representativo que era formado por 12 membros. Geralmente, o conselho escolhia um príncipe poderoso e popular.
Manicongo conseguiu controlar o império com o auxílio deste conselho, não podendo tomar decisões importantes sem o seu consentimento.
Havia também um corpo de funcionários formado pelos manis das chefaturas e por outros funcionarios subalternos, com os chefes das aldeias.
Muitas chefaturas e reinos eram de fora das fronteiras do Congo mas sob a sua influência reconheciam o poder do manicongoe pagavam tributo regular.
Ligado a esta classe dirigente estava o grupo social dos ferreiros que, pelos serviços prestados á população, possuíam igualmente bastante prestígio. Eram designados Nganga Lufu, um título que os situava a nível dos sacerdotes e curandeiros. Todos os homens livres de clã podiam aprender a trabalhar o ferro desde que se submetessem a certos ritos de iniciação. As suas forjas povoavam as colinas á volta de capital, Mbamba Congo.
Havia ainda a classe constituída por camponeses e artesãos. Eram ela que produzia a riqueza no império. O poder económico exercia-se através da cobrança das taxas e do controlo da moeda.
As províncias pagavam as taxas em marfim, em ouro ou em tecidos finos chamados ráfia, feitas da casca de certas arvores. Um funcionário superior, o mufutila , cobrava as taxas que serviam para pagar aos funcionário governamentais.
Estas taxas possibilitavam ao manicongo a sua volta um grande número de funcionário. Incluindo guerreiros profissionais que garantiam a defesa, pajem e músicos.
As taxas eram pagadas uma vez por ano, os governadores provinciais traziam o produto da cobrança das suas províncias e renovavam a sua lealdade ao manicongo.
Amoeda ou dinheiro era pequenas conchas marfins chamadas Nzimbus podiam ser obtidas somente na ilha de luanda.
As Nzimbus não eram na mesma forma que as conchas de cauris de outros estados africanos do Oeste. Eram contadas por uma espécie de alavanca que separava as conchas pequenas nas grandes. As conchas eram guardadas em recipientes especiais. Cada recipiente continha um número exacto de conchas: 40, 100, 250, 400 ou 500. Um pote maior que se chamava funda continha 100 conchas; o lukufu continha 10 000 conchas; o kofo, 20 000.
A exploração das minas de nzimbus monopolio do manicóngo e a sua extracção era umas actividades exclusivas das mulheres.
A produção e sementes
No império de Congo a agricultura, a mineração, o artesanato e o comércio eram actividades muito desenvolvidas.
 As populações do Congo cultivavam muitas espécies de seriais: Ameixoeira, milho e um tipo de batata-doce, o inhame. Cultivavam também mandioca e amendoim. Quando choviam muito, a colheita era grande e havia abundantes de alimentos.
Da polpa do fruto da palmeira dendê obtinham óleo de palma.
Era usado para queimar, cozinhar ou esfregar na pele. Um tipo de pão era feito a partir de amêndoa que se encontra dentro da semente dura do fruto. Podia-se obter vinho de palma fazendo um buraco no topo da árvore. O líquido doce e leitoso era bebido fresco ou fermentado. Quando conservado por alguns dias transformavam-se num liquido amargo – o vinagre. O vinho de palma tinha diversas utilizações. Era usado em cerimónias especiais para honrar os antepassados e em outros momentos solenes da vida das comunidades. Faziam casas cobertas com folhas de palmeiras. A casca fornecia fibra para fazer o tecido suavel e aveludado de grande valor e que em algumas ocasiões substituíam a moeda.
O povo do Congo fabricava cestos a partir das folhas da palma que serviam para conservar muitos produtos e esteiras, que eram muito usadas para decorar as casas da classe dominante.
Na mineração extraiam ouro, cobre, ferro, prata, chumbo e zinco.
O trabalho com o ferro teve um papel importante na sociedade.
O ferreiro era visto como um mestre do ferro, fogo e agua e fabricante de armas e ferramentas. O ferreiro fazia facas, lanças, machados e inchadas de ferro. Também fabricavam anéis, braceletes e outro tipo de pulseiras, as quais eram usadas em grandes quantidades pelas mulheres da aristocracia.
 Alguns dos objectos que fabricava eram símbolos tradicionais respeitados: a faca, por exemplo, era dada ao jovem quando chegava a adulto; o machado representava o poder político; o martelo e a bigorna marcavam o inicio das artes manuais. O cobre, o chumbo e o zinco eram considerados muito preciosos.
Apesar do trabalho com o metal ter primazia na sociedade, artesanato também desempenhou um papel importante. Os artesãos trabalhavam ainda com outros metais. Faziam varias espécies de pontes com argila e esculturas em madeira ou pedra. com o couro trabalhado faziam cadeiras para os chefes e peles para os tambores. Usando ainda para o fabrico de escudos para os guerreiros.
O comércio ou Nzandu era o pilar da vida económica no Congo. Estava organizado de modo a garantir a segurança do povo, a liberdade comercial é um sistema unitário de preços para certas mercadorias. Havia mercados bem organizados. Nos mercados haviam secções reservadas para os mais variados artigos de comércio. Havia uma secção para artigos de metal, outra para roupa, outro cesto e esteiras e muitas outras mais.
O vigor dos mercados era a prova da energia e do vinamismo da economia.
Os principais artigos do comércio interno no Congo eram a palma, o sal, o cobre, o ferro, as pontes, a madeira vermelha para tingir, os cestos, as esteiras e o marfim para os instrumentos musicais. Comercializavam ainda pêlo da cauda de elefante, anéis de cobre e braceletes.
A principio este comercio restrigia se somente as aldeias. Mas, a medida que o tempo foi passando, o comercio a longa distancia, começou a desenvolver se. Isto significou a troca de mercadorias entram pessoas ou povo que viviam longe umas das outras. Acosta marítima atlântica e os rios, principalmente o Congo foram usados para promover este comércio. Utilizavam as pirogas, barcos de troncos das árvores. O Congo mantinha um comércio intenso com os reinos vizinhos, vassalos. Exportava o marfim de loango, o cobre, o sal da costa, o amendoim, a mandioca, o peixe fumado, as mendoas de palmas e a borracha da província de Nbamba. Em troca importava produtos do interior e da costa, como tecidos europeus e indianos, quinquilharias, vinho das Canárias, da madeira e de Málaga.
Todos estes produtos circulavam através do território do Congo, cruzando províncias e cidades onde havia mercados no Congo não havia comércio de escravos, assim como não existiam nos reinos vizinhos. Este comércio só teve inicio com a chegada dos portugueses ao Congo, no século XV.
A chegada dos portugueses
Os portugueses chegaram ao Congo no século XV.
Os portugueses a chegar eram chefiados por Diogo Cão, em 1482, e estavam ansiosos por obter riquezas ouros, cobre, marfim e escravos.
A presença portuguesa no Congo trouxe graves consequências na sociedade do Congo. Iniciou-se o processo da transformação profunda da sua vida económica, social e política. Em suma, a presença portuguesa no Congo contribuiu para a decadência e a distribuição de tão poderoso e prospero império, que viria a acontecer aproximadamente cem anos depois dos primeiros contactos.